Ele não sabe o que quer

Eu sei, já disse que não me importaria. E de fato não me importo. Penso porque tenho boa memória, eu acho. Lembro, porque gosto de nostalgia. Ah, claro que às vezes eu me pego cantarolando músicas que gostamos e em alguns momentos fecho os olhos e me deparo com o seu semblante. Mas isso não quer dizer que morro de amores por você.
Sabe o que é? A vida tá corrida, o tempo tá passando e eu já não estou mais sentada no banquinho conversando. Nem te esperando, oras.
Gosto um pouquinho de você. Na verdade, te acho sensacional. Lindo, inteligente, astuto e outras cositas más. Mas você acha mesmo que vou perder meu valioso tempinho, pensando só em você? Ah, meu bem. Eu também leio, estudo, vivo. E adoro interagir. Vejo muitas pessoas, todos os dias. Sim, pessoas passam ao meu lado e me olham, todos os dias. Na rua, no metrô, na praça, nas lojas que entro para fazer jus a minha compulsão.
Sim, estou muito bem. Lógico que não é fácil estar longe de você, mas se é assim que tem que ser, por mim tudo bem. Tudo bem mesmo.
Já contei sobre você para algumas pessoas, até fiz boa propaganda. Mas fique tranquilo, não sou boa vendedora.
Se sempre vou me lembrar de você? E manter ótimas lembranças? Ah, querido. Aí já é pedir demais, né? To fazendo o possível para não gamar. O que você quer, afinal?

Donna
(Crônicas)